Os caminhos de compreensão do casamento com afetividade.
- Psicóloga Eliete Sergina de Sousa
- 1 de mai. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 26 de dez. de 2020

O casamento é um acontecimento esperado na vida de algumas pessoas. Muitos passam uma vida em busca do par ideal, projetando sucesso e realizações ao lado do par perfeito.
Estudos sobre o casamento, apontam uma visão do casamento que pode ser confrontada com o que se apresenta na contemporaneidade, onde:
Os casamentos, antigamente eram realizados para fins de reprodução, uma espécie de negócio entre duas famílias, em que estas firmavam uma aliança com ênfase nos bens materiais, sem se importarem com os afetos entre o casal. (ARAÚJO, 2002)
O casamento, também era visto como um ato dramático, na qual duas pessoas, pertencentes a um passado diferente, se encontravam e se redefiniam. Antes mesmo de o casal se conhecer e começar a construir a sua história, ele já se legítima socialmente com o matrimonio, ficando para depois o reconhecimento da realidade subjetiva de ambos, de passado, presente e ideias para o futuro (FÉRES-CARNEIRO, 1998). As alianças matrimoniais, neste modelo de casamento, que ainda estão presentes em alguns povos como é o caso da Turquia, são formas para garantir bens ao grupo, que para eles são escassos para sua sobrevivência. É uma aliança que permite um sistema de trocas, bem como uma maneira de perpetuar os indivíduos em sociedade.
Com o advento da expansão industrial, logo da instalação do modelo capitalista em alguns países do mundo, por volta do séc. XIX, o casamento começa a ganhar uma conotação que se aproxima ao modelo de agora. Casar-se passa a ser pelo afeto entre duas pessoas, à amizade, o companheirismo, ficando a procriação como um fator secundário do casamento. O propósito do casamento passou a ser para unir duas pessoas que se amam!!
O modelo de casamento que se conhece no século XXI, surgiu com a ordem burguesa, onde homens e mulheres se relacionavam por interesses afetivos, como amor, paixão e o desejo (ARAÚJO, 2002). Esse modelo teve ascensão no século XVIII, momento que a sexualidade começa a ocupar um lugar de destaque no casamento.
Na atualidade os sentimentos como amor, desejo, ganham um lugar de prazer na relação, pois anterior a esse modelo de casamento, o amor só era visto nas relações de adultério.
Começa-se a dar foco no casamento a individualização do amor, do qual ao casar-se os amantes estariam construindo uma busca pelo prazer, se entregando ao erotismo, sendo este o fator predominante na relação conjugal.
O casamento pensado neste molde é uma escolha individual dos parceiros que obedece a uma ordem cada vez mais privada, acompanhada por um alto grau de laços de afeto e de afinidades, regado por amor, prazer e satisfação sexual. É dessa ordem individual que surgem as relações contemporâneas, que o casamento ganha novos significados. Os sentimentos de intimidade preparam o terreno para a conjugalidade, deixando de lado os interesses públicos e trazendo para cena valores e direitos igualitários entre homens e mulheres, tornando a relação conjugal um lócus privilegiado e fértil de afetividade. (JABLONSKI, 2003)
Está comprovado que pessoas que já passaram por algum envolvimento conjugal, não colocam em primeiro lugar os privilégios do amor, já para os principiantes este é um fator que fica em evidência na relação. O que se passa a considerar, no decorrer do tempo em um relacionamento de forma crescente, é o respeito mútuo, o companheirismo, a confiança, o amor e o comprometimento, sendo estes alguns dos sentimentos que tornam a relação estável e duradoura.
REFERÊNCIAS
ARAÚJO, Maria de Fátima. Amor, casamento e sexualidade: velhas e novas configurações. Psicologia: Ciência e Profissão, Brasília, v. 22, n. 2, 70-77, jan./ 2002.
FÉRES-CARNEIRO, Terezinha. Casamento contemporâneo: o difícil convívio da individualidade com a conjugalidade. Psicologia Reflexão e Critica, Porto Alegre, v. 11, n. 2, 1998.
JABLONSKI, Bernardo. Afinal, o que quer um casal? Algumas considerações sobre o casamento e a separação na classe média carioca. 2003.
Até a próxima!!
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Colunista:
Eliete Sergina de Sousa CRP 12/09352
Psicóloga (Unisul)/SC / Terapeuta Centrada na Pessoa (Espaço Viver/SC)
Instagram: @psicologaelietesergina
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